Riot acaba de pôr à prova toda a indústria de games

A Riot está trabalhando em todo um ecossistema baseado em LoL.
Imagem via Riot Games

A comemoração do aniversário de 10 anos da Riot Games foi uma das mais épicas que já vimos no mundo dos games. A empresa, que virou alvo de inúmeros memes por ter feito apenas um jogo, não revelou apenas um segundo título no evento. Quatro jogos diferentes, todos em categorias distintas, foram mostrados ou anunciados, e não estamos nem contando com Wild Rift e afins, que são novas versões de modos já existentes para novas plataformas.

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Foi o tipo de revelação ampla que costuma ser reservada para eventos como a E3, onde várias desenvolvedoras se juntam para fazer algo enorme. Mas isso foi uma noite só e uma desenvolvedora só. Dá pra dizer que foi até maior que a BlizzCon, a convenção anual da Blizzard que acontece em Anaheim.

Mirando tão alto, fica óbvio que a Riot não está de olho em derrubar uma desenvolvedora concorrente. Depois de se concentrar em um só jogo por tanto tempo, é evidente que a mira da Riot está apontada para uma revolução em toda a indústria de games.

A própria magnitude de tudo

Imagem via Riot Games

É difícil minimizar quão ambicioso foi esse movimento da Riot. Nos próximos anos, a Riot espera lançar um jogo de cartas colecionáveisum jogo de tiro em primeira pessoaum jogo de luta tradicional e um misterioso RPG. Esse nível de ambição é simplesmente atípico, mesmo entre as maiores desenvolvedoras de jogos.

Veja a Blizzard, por exemplo. Anos antes de se tornar parte da Activision e começar a desenvolver jogos AAA, ela era conhecida por duas coisas: estratégia em tempo real e RPGs. Imagine como foi difícil para a Blizzard sair desse molde: em um dos maiores fracassos da história do desenvolvimento de games, a empresa começou a criar um jogo de tiro chamado StarCraft: Ghost. Até saíram imagens que deixaram os fãs de StarCraft malucos. Mas, depois de anos em desenvolvimento, a empresa não conseguiu produzir nada, arrastando o projeto e matando-o oficialmente em 2014, mais de uma década depois do anúncio.

A Riot está sendo cautelosa com alguns dos lançamentos. O jogo de cartas, Legends of Runeterra, é o mais fácil de sustentar e será o primeiro. O jogo de tiro parece ser o próximo na lista e há um precedente para o que a Riot está tentando criar nesse espaço. O jogo de luta está menos definido, mas a Riot adquiriu conhecimento técnico significativo nesse departamento. E o RPG mal foi mencionado durante o evento, com apenas um pequeno trecho de ação e comentários vagos sobre o que ele seria.

Deve levar anos até que alguns desses sejam lançados. Mas ainda é impressionante que o estúdio esteja fazendo tanto ao mesmo tempo. E isso mesmo sem levar em conta que o processo deve ter sido impactado quando a Riot resolveu entrar de cabeça no gênero de combate automático, em ascensão neste ano, ao lançar Teamfight Tactics (que é tecnicamente um modo de jogo e não um jogo separado) em apenas alguns meses de desenvolvimento.

Ao anunciar uma linha tão variada, a Riot está dizendo que consegue ser uma melhor desenvolvedora que concorrentes específicas como a Activision Blizzard e também que pode encarar a indústria inteira de uma vez. Está tentando crescer de empresa independente a gigante em apenas alguns anos, o que já é uma tarefa extraordinária. A boa notícia? A base já foi consolidada nos últimos 10 anos de sua história.

LoL no coração de tudo

Imagem via Riot Games

É digno de nota que, entre todos os novos jogos e modos, apenas um (o jogo de tiro) seja totalmente não-relacionado a LoL. A Riot está fazendo uma grande aposta em seu próprio ecossistema para atiçar os fãs já existentes e os novos.

A aquisição de jogadores se tornou um problema para o estúdio com o tempo. Mas, nos últimos anos, a empresa deu passos significativos para fortalecer os laços entre os principais campeões, a história e itens do jogo. Agora é só esperar que o trabalho compense quando os novos jogadores trazidos pelos novos jogos encontrarem um universo e uma comunidade que se desenvolveram e floresceram.

A única outra empresa que tentou algo de um nível remotamente parecido com isso foi a Blizzard com o WarcraftWarcraft continua vivo como RTS e em World of Warcraft, o MMO mais bem-sucedido de todos os tempos. Sua influência pode ser sentida no design de jogos como Hearthstone (e temos que lembrar que Heroes of the Storm ainda existe).

A Riot está tentando superar a Blizzard com um foco ainda maior em LoL em seus novos títulos. Isso será um desafio; em muitos casos, a história parecia improvisada para jogar os campeões novos junto com os antigos em um universo compartilhado. Isso levou a um certo atraso na continuidade das histórias de League of Legends ao longo do tempo para garantir que tudo esteja no lugar. Mas a Riot ainda não resolveu isso completamente.

Ainda não sabemos quão convincente será o universo do LoL para alguém que não tenha vivido nele nos últimos 10 anos. Por exemplo, uma das funcionalidades essenciais de LoR é a de combinar duas facções do universo de League of Legends para lutar juntas. Para quem não sabe o que essas facções significam, ou só não liga, esse não parece um bom motivo para começar a jogar.

Colocar o LoL à frente de tudo que está sendo desenvolvido é um risco com pontos positivos e negativos enormes. A boa notícia é que a Riot não está sozinha nisso.

Parcerias para dominar o mundo

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Antes de toda a loucura do evento de aniversário de 10 anos, um dos maiores anúncios do ano passado foi a parceria da Riot com a Marvel Entertainment. Depois de produzir uma graphic novel contando a história de Ashe, as duas empresas se juntaram para um mínimo de três outras histórias de campeões, incluindo a saga de Lux, recentemente concluída.

Além do desenvolvimento do jogo, a Riot está trabalhando em uma série animada chamada Arcane, que vai se passar no mundo do LoL. Os avanços em outras mídias evidenciam que a Riot não quer se concentrar apenas em jogos digitais; está tentando se tornar um império multimídia.

A habilidade da empresa em garantir parcerias com outras empresas que têm sucesso contando histórias, como a Marvel, é um bom sinal de que a propriedade intelectual do LoL tem valor e pode ser usada além do Summoner’s Rift. Era uma vez um tempo em que a Blizzard tentou fazer o mesmo, mas levou anos até o filme de Warcraft ser feito.

O filme levou 10 anos para ser feito porque ficou indo e voltando entre a Blizzard e vários diretores. Com Arcane, a Riot vai se responsabilizar por parte da produção. E provavelmente não vai parar em uma série animada. Se o crescimento da Riot depende de o LoL ser um fenômeno na grande mídia, vai precisar de muito mais do que já vimos.

A Riot acabou de comemorar 10 anos fantásticos de LoL. Mas a empresa também sabe que, diferentemente da Blizzard, não tem 10 anos para produzir seu próximo grande sucesso. Ao passar rapidamente por várias áreas, a Riot está tentando garantir que, quando o próximo projeto sair, League of Legends ainda seja relevante, se não maior que nunca. Se esse objetivo for cumprido, a empresa tem uma chance de revolucionar completamente a indústria de games; isso se não a dominar totalmente.

Artigo publicado originalmente por Xing Li em inglês no Dot Esports no dia 17 de outubro.

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Author
Jéssica Gubert
Jéssica is a writer, editor, and translator working at GAMURS since 2019, but with a lifelong experience in word games and TV shows. She can also be found at concerts or babbling about board games anywhere.